A força motriz da vida

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Eu, que vivo num mundo marcado por promessas e expectativas de felicidade, muito acreditei nelas. Eu, que vivo num ambiente em que as pessoas, reduzindo-se a animais, destroem-se umas as outras a fim de sobreviver, acreditando ser mais forte. Eu, que nasci e cresci em meio a erros e decepções, que necessitava do crédito dos outros para acreditar em mim, pensei em desistir. Contudo, Deus, em sua secreta liberdade, escolheu-me para ser depósito da sua força motriz.
Essa força vem primeiro pela fé. É ela que faz alguém perder o medo da derrota e parar, mesmo estando na última volta, quando o motor do carro do seu corpo ou da sua mente esquenta demais, ao invés de possivelmente pôr tudo a perder. É ela que dá a humildade suficiente de abdicar do orgulho do topo da montanha, da vitória perfeita, por saber que esta virá mais a frente, e sem riscos de desmaios. É essa fé que permite que alguém pule no abismo, para assim descobrir que tem asas, quando muitas vezes não existir outra opção.
Depois pela esperança. Por ela que se pode aguardar a luz aparecer depois da noite, porque se sabe que tudo passa. Por ela que podemos crer que as coisas podem mudar, que nós podemos mudar, que o nosso modo de ver o mundo pode mudar, e que as coisas não serão mais assim tão pesadas, tão difíceis, tão tristes e tão escuras. É, principalmente, por ela que os sonhos existem e continuam de pé, é por ela que se pode imaginar um reflexo diferente no espelho, é por ela que se pode visualizar a realização remota, distante.
E, por fim, pelo amor. É ele que move a fé e a esperança, que faz alguém se esquecer a ponto de, pelo tempo que for necessário, não viver por si, mas por aqueles a quem ama. É ele que nunca permite o desistir, é ele que dá força para continuar, para seguir, para ficar de pé. É pelo amor que a morte se torna metáfora e a vida, realidade. É ele que é capaz de perdoar os erros e as decepções que alguém carrega no peso da memória, tomar a rédea da própria vida, sabendo que é o único diretamente responsável pela própria felicidade, e deixar o passado para trás, quando, amando também a si mesmo, perdoa os próprios erros do passado e se levanta para construir um futuro melhor e cheio de bondade, apesar dos inevitáveis erros.
É dessa força que o mundo precisa, a força da fé, da esperança e do amor. Acontece que o mundo sem amor, não se preocupa em mudar; não se preocupando em melhorar, paralisa e desespera; e, quando desespera, perde a fé. Perdendo as três, perdem a alma, tornam-se pior do que animais e vivem unicamente atrás do próprio prazer e satisfação que, por infelicidade, chamam felicidade, e vão pouco a pouco se matando.



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