A humildade substancial

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bosque-716318 Lá ia o jovem pensador caminhando pelo bosque, daqueles cheios de flores e lindos arbustos, pássaros voando e cantando e alguns animaizinhos pelo chão. E ele fazia aquilo que quase mais gostava: pensar. Quase, porque o seu pensar, perdia imediatamente para amar e, logo em seguida, para a oração. Este primeiro prazer seu, de fato, permitia a Deus iluminar o restante.

Naquela ocasião, estava pensando em Deus e naquilo que vem Dele. Pensava nos dons, na realidade das curas, dos milagres, da oração em línguas, das profecias; e também naqueles dons “para si”, como fortaleza, prudência, piedade, ciência e inteligência. Vinha-lhe em mente aquilo que sempre ouvia dos pregadores e lia nos livros de formação, que esses dons espirituais provêm de Deus, que deles somos administradores e não podemos nos gloriar. O rapaz tramitava em sua mente, que aquilo era óbvio demais, e que precisaria ser muito burro ou orgulhoso demais para não se tocar disso.

Não satisfeito, continuou o raciocínio. Foi voltando, para o que foi que Deus deu ao homem, se foi tão somente os dons espirituais e se é só deles que devemos ser meros administradores. Chegou, em primeiro lugar, na vida: “Não foi Deus quem a deu? Por que não somos também meros administradores dela, e não donos?” – Achou coerente e foi mais além: “A liberdade foi Deus quem deu, e realmente dela não somos donos, já que não se pode viver uma vida de pecado e se ir para o Céu pelo mero arbítrio. Também a liberdade é administrada”.

Estava gostando de onde estava chegando e foi além. O mundo foi Deus quem deu: os animais, as florestas, os bosques, as águas, os rios, os mares e tudo mais que existe. Então a humanidade é administradora de tudo isso, e de propriedade mesmo, não tem nada como sua.

Já começava a abrir um sorriso de orgulho da sua inteligência, quando, seguindo o mesmo raciocínio, deparou-se com a verdade: sua inteligência também foi dada por Deus, já que, no mínimo, ele é o motor inicial de tudo e tudo veio dele. Percebeu, pois, que dela não poderia se gloriar, mas que era razão de dar glória a Deus. Lembrou-se de sua namorada, até porque preferia ficar com ela a pensar, e da beleza dela, e que nem ela, por ser administradora, nem ele, como primeiro admirador, poderiam se envaidecer, mas só poderiam dar glórias a Deus por isso.

Com seu pensamento completamente comprometido pelo encadeamento que se formou, percebeu que sua visão perfeita que o permitia ver a beleza das coisas e das pessoas, inclusive da sua namorada e até a sua mesma, era dada por Deus. A sua fala e todos os seus sentidos também. Percebeu que suas virtudes não vinham de outro lugar... Pensou também nos defeitos, mas que eram resultado do pecado.

Enfim, encheu-se sua mente e, absorto, torporizado, estático, deitou-se no chão e começou, finalmente, a dar glórias a Deus por tudo isso, inclusive por estar ali vivo e ser filho Dele.

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