A mentira da(s) mentira(s)

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Relativizar o relativismo. Mentir a mentira. O pressuposto do mundo moderno é o de que a verdade não existe, só assim todos conseguem se aceitar sem entrarem em conflito. Ora, sicrano diz a verdade e fulano também, portanto, respeitam-se nas suas verdades. Essa paz exterior se justifica? Esse utilitarismo também é relativista. Vivemos, na verdade, o mundo dos sofistas. Aqueles vencidos por Sócrates, Platão, Aristóteles e Cia, hoje, são os vencedores. Parece que eles têm razão. Mas, parecer é pressuposto de verdade?
Vamos ver se os argumentos se sustentam quando confrontados com eles mesmos. Não vamos atrás de outras refutações mais óbvias, vamos ficar simplesmente na lógica da coisa. “Tudo é relativo!” – Se tudo é relativo, essa afirmação de que tudo é relativo, é relativa? Se tudo for relativo, a própria expressão que afirma que tudo é relativo tem sua ressalva, então, por ela mesma, existe algo de absoluto. Mas, se existe algo absoluto, nem tudo é relativo. Portanto, a própria afirmação não se sustenta. É impossível que tudo seja relativo, porquanto a relativização do relativo acarreta no absoluto.
“A verdade não existe!” – Será isso verdade? Se a verdade não existe, e essa afirmação for verdadeira, então a verdade existe! A verdade é que a verdade não existe! Outro argumento que não se sustenta. Obviamente, a verdade é algo mais do que necessário. Se for verdade que a verdade não existir, chegamos ao ponto de duvidar da própria existência e ter a necessidade de lembrar que penso, para que possa existir. Ora, isso é loucura! Diria eu: “penso, sinto, imagino, cheiro, ouço, vejo, falo, comunico-me, abraço, amo, por isso, é claro que eu existo”! É o tolo que, levado pelo relativismo, e é a consequência imediata desse conceito, questiona a própria existência. Lá vai o débil pensar: “Será que eu existo, será que o mundo é uma mentira? Minha mãe existe? De onde eu vim? Para onde eu vou?” – E a baba descendo de sua boca.  Ainda ,em contraposição, confirmando a afirmação de que a verdade não existe e dizendo que esse argumento não é verdade, chegamos à conclusão de que a verdade existe.
Não existe uma só verdade, na verdade, elas são muitas. Bem, esse argumento não é demente, mas completamente esquizofrênico! Vamos para suas consequências: Bem, eu sou cristão e acredito que Jesus morreu na cruz por mim para que fosse salvo dos meus pecados dos quais eu mesmo não posso, por mim mesmo, nem me livrar, nem me salvar. José acredita no espiritismo, no qual, Jesus é um ser de luz, incrivelmente evoluído, e que todos vão se reencarnar. João acredita no budismo, que nem fala muito de Jesus, já que Sidarta Gautama parece mais com São Francisco. Joaquim é judeu, e crê que Jesus é só um profeta, e que, na verdade, ele ainda vai vir. Entre outros, enfim. Afinal, quem é Jesus? Se tudo isso for verdade, Jesus é uma pessoa bem complexa: é um espírito de luz, um simples profeta, ninguém, e Deus ao mesmo tempo. Pior que isso, se considerar tudo isso como relativo, eu vou para o Céu, assim espero, José vai reencarnar, Joaquim vai para a mansão dos mortos, e João, não sei para onde vai. Bem, se isso é verdade, tudo vai acontecer ao mesmo tempo. Vivemos em universos paralelos e, não se sabe como, eles se conectam. Pior, se considerarmos todas sendo verdadeiras, no final das contas, nenhuma é, e voltamos para o absurdo anterior.
Alguém pode se perguntar: “Como argumentos tão fracos podem ser tão fortes?”. – Simples, eles são convenientes. Imagine a verdade existindo no Direito, muitos advogados vão perder a profissão, por não terem mais o que fazer. Imagine a verdade existindo na política: ninguém vai querer ser político, porque esse não vai ter vida e vai viver preocupado com todos. Imagine a verdade nas religiões: muitas vão ter que acabar. A humanidade, em geral, não dá nenhuma importância à verdade, sim ao bem-estar, a si mesmo. A verdade, por mais das vezes, é inconveniente, por isso não é contada.

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