Do arrependimento

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Arrepender-se, sintética e objetivamente, é estar nu diante de si mesmo, sem máscaras nem nada que possa esconder a realidade. Trata-se de um processo doloroso, mas absolutamente necessário.

Pode haver outras facetas desse estado, mas, para nós, o arrependimento vem quando perdemos tempo, quando vivemos uma mentira. Em outras palavras, ele vem quando a realidade que vivemos não condiz com a nossa realidade. Arrependo-me quando vivo tal situação. Por exemplo, o pecado não condiz com a minha realidade de cristão, e quando peco, o faço sem ter real consciência da magnitude de tal ato, só que alguma hora a verdade vai aparecer, e quando ela aparece, ou seja, quando obtenho a consciência dela, surge a contrição.

De fato, estamos falando sobre um erro, já que este é inato a condição humana. Só os anjos, portanto, possuem a capacidade de não errar, por isso não se arrependem. Desse modo, não podemos culpar-nos pelos erros, pequenos ou graves, que eventualmente viemos a cometer. É inerente a nossa condição de homo non sapiens, já que, definitivamente, assim somos.

Passada essa primeira fase, a da consciência, uma nova deve surgir, trata-se da atitude favorável a verdade. Por meio disso, adquirimos a consciência de algo muito importante: Só os fortes se arrependem. Já viu alguém fraco se arrepender? Deve existir muita força interior em uma pessoa para que, admitindo sua condição totalmente falível, entristeça-se por sua atitude e, imbuído da força proveniente de sua inclinação para o bem, busca consertar o defeito existente na máquina da verdade. Em outras palavras, o cristão que peca, estando consciente de seu erro, deve confessar-se (assumir o erro) e não admitir de si mesmo a sua repetição. Isto é consertar e conservar a sua verdade.

Vale ressaltar que não se pode ficar preso em nenhuma dessas etapas. O arrependimento deve passar, assim como a fase de conserto. A verdade estando restabelecida, deve ser vivida, ela é realidade e deve trazer paz e felicidade.

Admitamos, portanto, nossa condição humana e falível. Que nós tomemos consciência da verdade da nossa vida e que nos arrependamos de não vivê-la, para que assim, consertemos nossos erros. Se queremos ser felizes e ter paz, estaremos prontos para uma vida nova e coerente com aquilo que realmente somos, imagem e semelhança de Deus.

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  1. Um texto bem situado no contexto em que acabamos de viver, isto é a Páscoa, como nos é recomendado pela Igreja Católica: Devemos confessarmos pelo menos uma vez na Pascoa e confessar, como você mesmo disse, é o admitirmos que erramos e nos arrependermos pelo erro cometido e tentarmos não errar, tentarmos, porque voc~e mesmo o afirmou errar está na nossa condição humana.
    Concordo com você que é preciso ser forte arrependimento, porém além de sermos fortes temos que ter coragem de admitir para nós mesmos e confessarmos o nosso erro.
    Parabéns!
    Um abraço.

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  2. gostei, quando tu disse: Só os fortes se arrependem ... isso é paralelo tbm a "Só os fortes amam! Os covardes não amam, nem se arrependem... a covardia já é uma fraqueza inerente a condição humana que é pó e ao pó voltará. Porém a fortaleza e o amor é inerente a decisão de amar e de ser forte e inovar as forças no lugar certo. Arrepender-se é renúncia de sí, de td que vc acreditou ser certo e consequentemente se enganou .. pq a desordem foi maior que a paz. É humildemente quebrar e por ao chão, toda soberba, toda autosufiência para dar caminho à sabedoria das palavras de vida e eternidade. O Arrependimento abre as frestas para que os tesouros escondidos se revelem e a sabedoria do alto tome o kugar dos nossos enganos meramente humanos.

    paz e bem Igor.
    abraços

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